sexta-feira, 13 de maio de 2011

Comparando o índio de Alencar com o índio atual

“Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.
Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu […] o pé grácil e nu, mal roçando alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas”

É com essa descrição que José de Alencar começa a contar a história da heroína romântica da lenda do Ceará, relatada com tanta exaltação, tornando-a mais bela do que a natureza, que a caracteriza. Iracema então se apaixona por quem representa o colonizador, Martim e desse amor, nasce Moacyr, mestiço entre as duas raças, duas culturas e que no livro de Stuart Hall, representa o futuro, junto com seu pai. Já sua mãe, representa o passado, afirmando isso com a frase final “Tudo passa sobre a terra”, mostrando que tudo é transitório: hábitos, línguas e raças.
Mas para comparação entre o índio representado na obra de Alencar e o índio dos dias atuais, utilizaremos o começo do livro e seu final.
Como já dito, Iracema é a exaltada pela natureza, tornando-se mais bela que a mesma, mostrando ao decorrer da história seus costumes, seus hábitos, a bravura do índio, suas guerras e mais. O índio na obra esta constantemente ligado com a natureza, suas crenças e seus deuses são elementos da natureza. Chega então o colonizador, Martim, que conquista a amizade de um índio da tribo dos pitiguaras, Poti, o mesmo acompanhando o amigo em batalhas e guerra contra as tribos inimigas.
No fim do livro, após a morte de Iracema e a volta de Martim, que tinha partido para sua terra, Poti considerando-o como um irmão, aceita a nova religião, a cristã, pois queria que “tivessem ambos um só deus, como tinham um só coração”. Com isso, a religião cristã ganha força na terra selvagem, começando a colonização e os índios esquecendo-se de suas crenças.
Com o colonizador conquistando espaço no território brasileiro, os índios começaram a conseguir meios de sobreviver na floresta de pedra que vai surgindo ao longo dos séculos. Começam então a deixar seus costumes, suas crenças e suas identidades como índios, que um dia viviam da pesca, da colheita, dos rituais, das pinturas, para viver em casas, usar computadores, falar uma nova língua, o português, usar roupas de marcas e deixar a pintura, fazendo com que a cada nova geração acabe esquecendo de sua descendência. Poucas são as tribos que ainda são ligadas a seus costumes e crenças.
A natureza não exalta mais o índio atual. Triste e próximo pode ser o fim dos antigos donos de nosso pais, mas “tudo passa sobre a terra”, até mesmo nossa Iracema.

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