Questões

Banco de questões

  1. (FUVEST / GV) O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui.
    É o que diz o narrador no segundo capítulo do romance Dom Casmurro. Afinal por que não teria ele alcançado o seu intento?

    (A) Pelas dificuldades inerentes à estrutura do romance, na recuperação de outros tempos.
    (B) Pelo receio de confessar suas fraquezas e a traição sofrida.
    (C) Porque era impossível recuperar o sentido daquele período, pois ele já não era a mesma pessoa.
    (D) Pela falta de bom senso e de clareza na apreensão das lembranças.
    (E) Porque o tempo, impiedoso, apaga todos os acontecimentos e transforma as pessoas.

2. (UFL) Todas as alternativas apresentam informações sobre Dom Casmurro, de Machado de Assis, exceto:

(A) A questão do adultério, tratada de forma ambígua pelo autor, permanece em aberto no fim da narrativa.
(B) O narrador, através do exercício da memória, busca ligar o presente ao passado, a velhice à adolescência.
(C) O narrador protagonista, ao assumir a primeira pessoa, apresenta uma visão tendenciosa dos acontecimentos.
(D) O autor, introduzindo-se na narrativa, fornece ao leitor informações que contradizem as opiniões do narrador.
(E) A narrativa, marcada pela ironia, mantém uma relação intertextual com a tragédia Otelo, de Shakespeare.

  1. (PUCCAMP-SP) O trecho abaixo é parte do último capítulo de Dom Casmurro, de Machado de Assis:

    O resto é saber se a Capitu da Praia da Glória já estava dentro da de Mata-cavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito de algum caso incidente. Jesus, filho de Sirach, se soubesse dos meus primeiros ciúmes, dir-me-ia, como no seu cap. IX, vers. I: “Não tenhas ciúmes de tua mulher para que ela não se meta a enganar-te com a malícia que aprender de ti”. Mas eu creio que não, e tu concordarás comigo; se te lembras bem da Capitu menina, hás de reconhecer que uma estava dentro da outra, como a fruta dentro da casca.

    Invocando aqui a memória e o testemunho do leitor de sua história, o narrador arremata a narrativa:

    (A) lembrando que os ciúmes de Bentinho por Capitu poderiam perfeitamente ser injustificáveis.
    (B) concluindo que a única explicação para a traição de Capitu é a força caprichosa de circunstâncias acidentais.
    (C) citando uma passagem da Bíblia, à luz da qual acaba admitindo a possibilidade da inocência de Capitu.
    (D) pretendendo que a personalidade de Capitu tenha se desenvolvido de modo a cumprir uma natural inclinação.
    (E) se mostra reticente quanto à convicção de que fora traído, sugerindo que continuará ponderando os fatos.

  1. (PUC-PR) Com base na leitura de Dom Casmurro, e considerando a importância de Machado de Assis para a literatura brasileira, identifique as alternativas como VERDADEIRAS ou FALSAS:

    ( ) Escrito quando o Realismo era a estética dominante, Dom Casmurro é antes um “romance filosófico” que um “romance social”.
    ( ) Ao contrário de diversas heroínas românticas, punidas com a morte por comportamentos inadequados para os padrões de sua época, a principal personagem feminina de Dom Casmurro não morre no final da narrativa.
    ( ) Ainda que acreditasse não ser pai de Ezequiel, Bento Santiago não deixou que isso interferisse na relação pai-filho, e sempre quis ter o rapaz muito perto de si.
    ( ) Assim como em Esaú e Jacó, a presença do Imperador e as referências à vida política brasileira são constantes em Dom Casmurro e interferem nos acontecimentos narrados.

    A seqüência correta é:

    (A) V, F, F, F
    (B) F, F, F, V
    (C) F, V, F, V
    (D) V, V, V, F
    (E) F, V, F, F

  1. (UFPR) A propósito de Dom Casmurro, de Machado de Assis, é correto afirmar:

    (A) A narrativa de Bento Santiago é comparável a uma acusação: aproveitando sua formação jurídica, o narrador pretende configurar a culpa de Capitu.
    (B) O artifício narrativo usado é a forma de diário, de modo que o leitor receba as informações do narrador à medida que elas acontecem, mantendo-se assim a tensão.
    (C) Elegendo a temática do adultério, o autor resgata o romantismo de seus primeiros romances, com personagens idealizadas entregues à paixão amorosa.
    (D) O espaço geográfico e social representado é situado em uma província do Império, buscando demonstrar que as mazelas sociais não são prerrogativa da Corte.
    (E) Bentinho desejava a morte de Escobar (até tentou envenená-lo uma vez), a ponto de se sentir culpado quando o ex-amigo morreu afogado.


6. (UNICENTRO) A única passagem que NÃO encontra apoio em A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós, é

A) Em A Cidade e as Serras, José Fernandes, de rica família proveniente de Guiães, região serrana de Portugal, narra a história de Jacinto de Tormes, seu amigo também fidalgo, embora nascido e criado em Paris.
B) A Cidade e as Serras explora uma grave tese sociológica: ser-nos preferível viver e proliferar pacificamente nas aldeias a naufragar no estéril tumulto das cidades.
C) Para Jacinto, Portugal estava associado à infelicidade, enquanto Paris associava-se à felicidade; ao longo do romance, contudo, essa opinião se modifica.
D) No romance dois ambientes distintos são enfocados ao longo das duas partes em que o livro pode ser dividido: a civilização e a natureza.
E) Já avançado em idade, Jacinto se aborrece com as serras e tenciona reviver as orgias parisienses, mas faltam-lhe, agora, saúde e riqueza.


7. (PUC) O romance A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós, publicado em 1901, é desenvolvimento de um conto chamado “Civilização”. Do romance como um todo pode afirmar-se que

A) apresenta um narrador que se recorda de uma viagem que fizera havia algum tempo ao Oriente Médio, à Terra Santa, de onde deveria trazer uma relíquia para uma tia velha, beata e rica.
B) caracteriza uma narrativa em que se analisam os mecanismos do casamento e o comportamento da pequena burguesia da cidade de Lisboa.
C) apresenta uma personagem que detesta inicialmente a vida do campo, aderindo ao desenvolvimento tecnológico da cidade, mas que ao final regressa à vida campesina e a transforma com a aplicação de seus conhecimentos técnicos e científicos.
D) revela narrativa cujo enredo envolve a vida devota da província e o celibato clerical e caracteriza a situação de decadência e alienação de Leiria, tomando-a como espelho da marginalização de todo o país com relação ao contexto europeu.
E) se desenvolve em duas linhas de ação: uma marcada por amores incestuosos; outra voltada para a análise da vida da alta burguesia lisboeta.

COMENTÁRIOS: A obra A Cidade e as Serras relata as transformações na maneira de o protagonista Jacinto encarar o mundo. Inicialmente ele se encontra inserido na modernidade, vivendo em Paris, entusiasta das novidades tecnológicas. Depois de uma crise de “fartura”, muito deprimido, reencontra o prazer de viver nas serras de Tormes, em uma vida simples que anteriormente criticava.
Essa nova fase conscientiza o protagonista dos problemas sociais, levando-o a procurar conciliar os avanços tecnológicos com o modo de vida local.





 (FUVEST) Texto para as questões 3 a 5

      Já a tarde caía quando recolhemos muito lentamente. E toda essa adorável paz do céu, realmente celestial, e dos campos, onde cada folhinha conservava uma quietação contemplativa, na luz docemente desmaiada, pousando sobre as coisas com um liso e leve afago, penetrava tão profundamente Jacinto, que eu o senti, no silêncio em que caíramos, suspirar de puro alívio.
      Depois, muito gravemente:
      Tu dizes que na Natureza não há pensamento...
      Outra vez! Olha que maçada! Eu...
      Mas é por estar nela suprimido o pensamento que lhe está poupado o sofrimento! Nós, desgraçados, não podemos suprimir o pensamento, mas certamente o podemos disciplinar e impedir que ele se estonteie e se esfalfe, como na fornalha das cidades, ideando gozos que nunca se realizam, aspirando a certezas que nunca se atingem!... E é o que aconselham estas colinas e estas árvores à nossa alma, que vela e se agita que viva na paz de um sonho vago e nada apeteça, nada tema, contra nada se insurja, e deixe o mundo rolar, não esperando dele senão um rumor de harmonia, que a embale e lhe favoreça o dormir dentro da mão de Deus. Hem, não te parece, Zé Fernandes?
      Talvez. Mas é necessário então viver num mosteiro, com o temperamento de S. Bruno, ou ter cento e quarenta contos de renda e o desplante de certos Jacintos...

                                    Eça de Queirós, A cidade e as serras.

8. Considerado no contexto de A cidade e as serras, o diálogo presente no excerto revela que, nesse romance de Eça de Queirós, o elogio da natureza e da vida rural

a) indica que o escritor, em sua última fase, abandonara o Realismo em favor do Naturalismo, privilegiando, de certo modo, a observação da natureza em detrimento da crítica social.
b) demonstra que a consciência ecológica do escritor já era desenvolvida o bastante para fazê-lo rejeitar, ao longo de toda a narrativa, as intervenções humanas no meio natural.
c) guarda aspectos conservadores, predominantemente voltados para a estabilidade social, embora o escritor mantenha, em certa medida, a prática da ironia que o caracteriza.
d) serve de pretexto para que o escritor critique, sob certos aspectos, os efeitos da revolução industrial e da urbanização acelerada que se haviam processado em Portugal nos primeiros anos do Século XIX.
e) veicula uma sátira radical da religião, embora o escritor simule conservar, até certo ponto, a veneração pela Igreja Católica que manifestara em seus primeiros romances.

9. (USP) O índio em alguns romances de José de Alencar, como Iracema e Ubirajara, é
a) retratado com objetividade, numa perspectiva rigorosa e científica.
b) idealizado sobre o pano de fundo da natureza, da qual é o herói épico.
c) pretexto episódico para descrição da natureza.
d) visto com o desprezo do branco preconceituoso, que o considera inferior.
e) representado como um primitivo feroz e de maus instintos
.

10. (Mack-SP) Sobre Iracema, é incorreto afirmar que
a) o relacionamento entre Martim e Iracema seria uma alegoria das relações entre metrópole e colônia.
b) Iracema é descrita de uma forma idealizante, comparada com elementos da natureza, característica própria do Romantismo.
c) o personagem Martim é lendário; nunca existiu, tratando-se, portanto, de uma figura fictícia.
d) Moacir, que em tupi quer dizer “filho da dor”, é levado por Martim para a Europa.
e) o romance é narrado em terceira pessoa, com narrador onisciente.

11. (UFMG) Todas as passagens de Iracema, de José de Alencar, estão corretamente explicadas, exceto:

A filha de Araquém escondeu no coração a sua ventura.

a) Ficou tímida e quieta como a ave que pressente a borrasca no horizonte.
= Iracema entrega-se a Martim.
b) Iracema preparou as tintas. O chefe, embebendo as ramas da pluma, traçou pelo corpo os riscos vermelhos e pretos, que ornavam a grande nação pitiguara.
= O chefe pinta Martim, preparando-o para o combate com os tabajaras.

c) Iracema, sentindo que se lhe rompia o seio, buscou a margem do rio, onde crescia o coqueiro.
= Iracema prepara-se para dar à luz a Moacir.
d) O guerreiro branco é hóspede de Araquém. A paz o trouxe aos campos de Ipu, a paz o guarda.
Quem ofende o estrangeiro ofende o Pajé.
= Iracema protege Martim da fúria de Irapuã.
e) Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra, sua vista perturba-se.
= Martim aparece pela primeira vez a Iracema, que saía do banho.
  

12. (FUVEST) Indique a alternativa que se refere corretamente ao protagonista de Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida:

a) Nele, como também em personagens menores, há o contínuo e divertido esforço de driblar o acaso das condições adversas e a avidez de gozar os intervalos da boa sorte.
b) Este herói de folhetim se dá a conhecer sobretudo nos diálogos, nos quais revela ao mesmo tempo a malícia aprendida nas ruas e o idealismo romântico que busca ocultar.
c) A personalidade assumida de sátiro é a máscara de seu fundo lírico, genuinamente puro, a ilustrar a tese da "bondade natural", adotada pelo autor.
d) Enquanto cínico, calcula friamente o carreirismo matrimonial; mas o sujeito moral sempre emerge, condenado o prõprio cinismo ao inferno da culpa, do remorso e da expiação.
e) Ele é uma espécie de barro vital, ainda amorfo, a que o prazer e o medo vão mostrando os caminhos a seguir, até sua transformação final em símbolo sublimado.

13. (FUVEST) Sua história tem pouca coisa de notável. Fora Leonardo algibebe¹ em Lisboa, sua pátria; aborrecera-se porém do negócio, e viera ao Brasil. aqui chegando, não se sabe por proteção de quem, alcançou o emprego de que o vemos empossado, o que exercia, como dissemos, desde tempos remotos. Mas viera com ele no mesmo navio, não sei fazer o quê, uma certa Maria de hortaliça, quitandeira das praças de Lisboa, saloia² rechonchuda e bonitona. O Leonardo, fazendo-se-lhe justiça, não era nesse tempo de sua mocidade mal apessoado, e sobretudo era maganão³. Ao sair do Tejo, estando a Maria encostada à borda do navio, o Leonardo fingiu que passava distraído junto dela, e com o ferrado sapatão assentou-lhe uma valente pisadela no pé direito. A Maria, como se já esperasse por aquilo, sorriu-se como envergonhada do gracejo, e deu-lhe também em ar de disfarce um tremando beliscão nas costas da mão esquerda. Era isto uma declaração em forma, segundo os usos da terra: levaram o resto do dia de namoro cerrado; ao anoitecer passou-se a mesma cena de pisadela e beliscão, com a diferença d serem desta vez um pouco mais fortes; e no dia seguinte estavam os dois amantes tão extremosos e familiares, que pareciam sê-lo de muitos anos. (Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias)

No excerto, as personagens manifestam uma característica que também estará presente na personagem Macunaíma. Essa característica é a:

a) disposição permanentemente alegre e bem-humorada.
b) discrepância entre a condição social humilde e a complexidade psicológica.
c) busca da satisfação imediata dos desejos.
d) mistura das raças formadoras da identidade nacional brasileira.
e) oposição entre o físico harmonioso e o comportamento agressivo.

14. (PUC) Das alternativas abaixo, indique a que contraria as características mais significativas do romance Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida:

a) Romance de costumes que descreve a vida da coletividade urbana do Rio de Janeiro, na época de D. João VI.
b) Narrativa de malandragem, já que Leonardo, personagem principal, encarna o tipo do malandro amoral que vive o presente, sem qualquer preocupação com o futuro.
c) Livro que se liga aos romances de aventura, marcado por intenção crítica contra a hipocrisia, a venalidade, a injustiça e a corrupção social.
d) Obra considerada de transição para um novo estilo de época, ou seja, o Realismo/Naturalismo.
(E) Romance histórico que pretende narrar fatos de tonalidade heróica da vida brasileira, como os vividos pelo Major Vidigal, ambientados no tempo do rei.


15 - O texto, no seu conjunto, enfatiza:
a- a pobreza física de Fabiano.
b- a falta de escolaridade de Fabiano.
c- a identificação de Fabiano com o mundo animal.
d- a miséria moral de Fabiano
e- a brutalidade e grosseria de Fabiano.

16- No texto a referencia aos pés?
a- destoa completamente da frase seguinte
b- justifica-se como preparação para o fato de que Fabiano "a pé, não se aguentava bem".
c- acentua a rudeza da personagem, a nível fisico.
d- constitui um jogo de contrastes entre o mundo cultural e o mundo fisico da personagem
e- serve para demosntrar a capacidade de ação da personagem, através da metáfora "quebra espinhos"

17- A tentativa de reproduzir algumas palavras difíceis pode entender-se como:
a- respeito à cultura literária e alfabetização.
b- busca de expressão de idéias.
c- dificuldade de expressão dos valores do seu mundo cultural.
d- consciencia do valor da palavra como meio de comunicação.
e- atração por formas alheias a seu universo cultural.

18- Pode-se dizer que, na linguagem da personagem, as exclamações e onomatopéias funcionam como:
a- conteúdo
b- código
c- causa
d- vocabulário
e- ênfase

19- "Vidas Secas (1938), seu único romance em 3ª pessoa, uma grande obra pelo poder de fixar figuras subumanas vivendo o fatalismo das secas do Nordeste".
Explique o motivo do romance ser narrado em 3ª pessoa, qual era a intenção de Graciliano Ramos?





GABARITO:
1.      1. C
2.       2.D
3.       3.D
4.       4.A
5.       5.A
6.       6.E
7.       7.C
8.       8.C
9.       9.B
10.   10.C
11.   11.B
12.   12.A
13.   .13C
14.   14.E
15.   15.A
16.   16.C
17.   17.A
18.   18.D
19.   19. R.: A intenção era transmitir ao pensamento da personagem através de um discurso indireto livrando-se do narrador opinativo.