sábado, 4 de junho de 2011

“A Cidade e as Serras” e a crônica “A bola” de Luís Fernando Veríssimo.

O ponto principal da obra “A cidade e as serras” de Eça de Queirós é a crítica ao ambiente social e urbano de Portugal.
Com um nome bem sugestivo, a obra de Queirós vem nos mostrar a contradição existente entre a cidade e o campo, criticando os avanços rápidos da tecnologia, o acúmulo de dinheiro e a ociosidade gerada pela vida urbana, nos passando a mensagem que por mais atrativa que a cidade seja, felicidade verdadeira, tranqüilidade e paz só se encontram no campo. E é exatamente com esse pensamento que o autor faz com que sua personagem principal, Jacinto Galião, cansado do tédio e das futilidades que vivia em Paris, viajar rumo a Tormes, uma propriedade rural. Assim, (devido às confusões enfrentadas durante a viagem) Jacinto passa a descobrir os prazeres da vida simples.
Também foi baseado nesse tema que Luís Fernando Veríssimo escreveu a crônica “A bola”. Nela, é retratada a decepção de um pai, que ao presentear o filho com uma bola, percebe que o garoto não gosta do que ganhou, esperando algo mais moderno, como um brinquedo eletrônico. O pai ainda tenta convencer o filho de que o brinquedo é interessante, fazendo algumas embaixadinhas e mostrando suas habilidades ao garoto, que mal presta atenção, continuando vidrado em um jogo de videogame. Durante o conto, o pai conclui que o “(...) os tempos são outros. Que os tempos são decididamente outros”.  
Embora a temática seja a mesma, o livro de Eça de Queirós e a crônica de Veríssimo apresentam diferentes visões: Enquanto o primeiro mostra que o campo faz o homem feliz, o segundo mostra que a felicidade pode estar na tecnologia e na comodidade proporcionada por ela e uma vida simples pode ser desinteressante.
Os avanços tecnológicos da atualidade nos proporcionam confortos cada vez maiores, nos tornando dependente deles. Ainda que seja difícil para os mais velhos, que estavam acostumados à vida mais simples, se adequarem a modernidade, para quem vive esses avanços é ainda mais difícil abandoná-los, e levar uma vida sem eles. Comprovar isso é fácil. Você que está lendo esse texto, imagine como seria sua vida se você fosse a uma viagem de férias e esquecesse seu aparelho celular. Como se isso já não bastasse, não há energia elétrica no lugar onde você está, portanto, nada de computador, televisão ou qualquer outro aparelho que você costume usar no seu dia a dia. Seria terrível, não? É justamente esse o maior problema da tecnologia: ela nos faz esquecer o quanto a vida poderia ser mais simples e mais fácil sem ela.  

Um comentário:

  1. E na altura em que o Eça escreveu a obra as pessoas ainda não tomavam anti-depressivos. Esta obra estava muito a frente do seu tempo, uma fez que cada vez mais se prova que nas sociedades evoluídas as pessoas ganham cada vez mais dinheiro, mas tem cada vez menos felicidade.

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